Home - Geral - Pesquisadores descobrem como câncer se forma ao analisarem mais de...

Pesquisadores descobrem como câncer se forma ao analisarem mais de 2.600 genomas

07 de fevereiro de 2020

Pesquisa levou uma década para sequenciar o material genético de 38 cânceres e revelou eles se originam, abrindo caminhos para novos tipos de tratamento para a doença

Pesquisadores descobrem como câncer se forma ao analisarem mais de 2.600 genomasO projeto Pan-Cancer analisou o genoma completo de mais de 2.600 pessoas que sofreram 38 tipos diferentes de tumores –Foto: Pixabay

O projeto Pan-Câncer concluiu uma pesquisa sobre como e por que cada tipo de tumor surge no corpo humano. O estudo, que durou uma década, envolveu 1.300 cientistas e clínicos de 37 países. Eles analisaram mais de 2.600 genomas de 38 tipos diferentes de tumores. A série de artigos foi publicada nesta quinta-feira (05) na revista científica Nature.

“Entre as principais conclusões do trabalho está a descoberta da enorme variedade de genomas de câncer”, disse Peter Campbell, membro do comitê diretor do projeto. Ao todo, foram detectados mais de 80 processos que causam as mutações genéticas do câncer. Algumas delas são relacionadas à idade, outras são herdadas ou podem até estar ligadas a fatores do estilo de vida, como o fumo.

Resultados

A equipe constatou que o desenvolvimento precoce de alguns tipos de câncer pode ocorrer décadas antes do diagnóstico, às vezes até na infância. Isso mostra que há a oportunidade de tratamento muito antes do desenvolvimento da doença.

Outra revelação dos cientistas foi que os cânceres em diferentes partes do corpo às vezes são muito mais parecidos do que se pensava. “Podemos ter um tipo de câncer de mama e de próstata em que as mutações são semelhantes. Isso significa que os pacientes podem se beneficiar do mesmo tipo de tratamento”, disse, em nota, Joachim Weischenfeldt, coautor e professor associado da Universidade de Copenhague.

A pesquisa também descobriu que os padrões de mutações e onde elas ocorrem podem ajudar a identificar entre 1% e 5% dos cânceres que não são identificados por meio de diagnósticos regulares. Um genoma sequenciado pode até revelar erros de diagnóstico ocasionais de um tipo de câncer.

Desenvolvimento do tumor

Uma pessoa é um conjunto de 30 bilhões de células, as quais passam por processos genéticos e se multiplicam. Cada vez que elas se dividem, o genoma completo, composto por 3.000 milhões de letras, deve ser copiado o A com o T e o C com o G.

Nesse processo, erros de cópia casuais podem ser cometidos, ou seja, as mutações. Um ser humano pode acumular milhões dessas erratas, a grande maioria inofensiva, mas uma pequena fração delas é o que pode desencadear o câncer. Por isso, identificar qual é a nociva pode ser essencial para entender melhor a doença e criar novos tratamentos contra ela.

“Com o conhecimento que adquirimos sobre as origens e a evolução dos tumores, podemos desenvolver novas ferramentas e terapias para detectar o câncer mais cedo, desenvolver tratamentos mais direcionadas e curar os pacientes com sucesso”, disse Lincoln Stein, membro do comitê de direção do projeto, em uma declaração emitida pelo Ontario Institute for Cancer Research.

Próximos passos

Segundo os responsáveis pelo projeto, os resultados do trabalho fornecem dados essenciais para a medicina de precisão, na qual os pacientes com câncer podem receber um tratamento ou outro, dependendo de seu perfil genético.

“Mostramos como fazer grandes estudos genômicos do câncer de maneira sustentável. Agora a ideia é fazer o mesmo em hospitais e incluir dados clínicos de cada paciente, principalmente o histórico do tratamento, para que talvez dia podemos conhecer todas as mutações causais do câncer”, destaca Alfonso Valencia, chefe de biocomputação do Centro de Supercomputação de Barcelona e um dos pesquisadores do Pan-Câncer.

Valedoitaunas/Com informações da Revista Galileu



banner
banner
banner