Ford é multada em R$ 10 milhões por causa de câmbio com “vício oculto”
26 de março de 2021Câmbio Powershift gerou diversas reclamações dos consumidores
Câmbio PowerShift estava nos modelos Fiesta, para depois equipar também nos EcoSport e Focus – Foto: Divulgação
O Procon de São Paulo aplicou uma multa no valor de R$ 10.546.442,42 à Ford por reclamações sobre o câmbio Powershift, lançado em 2013 e equipado nos modelos Fiesta, EcoSport e Focus, todos já fora de linha. Segundo o órgão, a peça continha defeito de fabricação, e mesmo assim foi colocada no mercado, caracterizando "vício oculto", o que fere o Artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor. O valor da multa é o maior já aplicado pelo Procon-SP.
Esse modelo de câmbio já saiu de circulação há 2 anos, o Procon informa que as queixas são referentes a veículos ano/modelo de 2013 a 2016.
A montadora afirma que irá se defender dentro do prazo definido pelo órgão, e apresentará as informações pertinentes aos atendimentos.
Falhas recorrentes
Desde quando começou a ser instalado no Brasil, há oito anos, o câmbio Powershift recebe críticas de usuários como ruídos, trepidações e superaquecimento, além de perda de potência. Alguns alegam que as falhas teriam causado troca prematura do kit de embreagens.
Essas reclamações nunca motivaram um recall oficial da companhia, porém a empresa efetuou reparos no mecanismo mesmo fora da garantia dos carros.
Após notificação do Procon-SP, em 2016, a Ford ampliou a garantia da peça de três para dez anos.
Nos Estados Unidos, no início do ano passado, a montadora realizou um acordo judicial comprometendo-se a pagar US$ 30 milhões (R$ 170,1 milhões) mínimos de reembolso a proprietários de Fiesta e Focus defeituosos, fabricados de 2011 a 2016. Além do comprometimento de comprar veículos que apresentassem problemas, com desconto na aquisição de novos carros da marca. A falta de acordo no Brasil gerou a multa milionária.
"Enviamos notificação questionando se haveria uma ação semelhante no Brasil e recebemos respostas evasivas. O tratamento dispensado aos brasileiros é totalmente díspar em relação ao verificado a clientes dos Estados Unidos. Esperávamos que a fabricante se dispusesse a iniciar um recall ou, então, definir um acordo conosco. Nada disso aconteceu", pontua Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.
Capez prevê que a penalidade seja aplicada em no máximo três meses, incluindo o prazo de contestação.
Valedoitaúnas/Informações iG