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Escondida por 1.300 anos, escultura do deus do milho é achada no México

06 de junho de 2022

Equipe trabalhava na Zona Arqueológica de Palenque quando observou um amontoado de pedras que se revelou ser parte de uma oferenda à divindade dos antigos maias

Escondida por 1.300 anos, escultura do deus do milho é achada no MéxicoEscultura do deus do milho, escondida durante 1.300 anos em zona arqueológica do México – Foto: Reprodução/INAH

Dentro de um ambiente formado por três paredes e sob uma camada de terra solta, surgiram um nariz e uma boca entreaberta. Era a escultura de uma divindade: o deus do milho, cultuado pelos antigos maias. A descoberta aconteceu em 2021 na Zona Arqueológica de Palenque, no México, mas foi divulgada no último dia 31 de maio pelo Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), da Secretaria de Cultura do governo mexicano.

Em julho do ano passado, a equipe interdisciplinar codirigida pelo arqueólogo Arnoldo González Cruz e pela restauradora Haydeé Orea Magaña trabalhava quando observaram um curioso alinhamento de pedras. Era a escultura, parte de uma oferenda colocada sobre paredes de estuque (argamassa feita de gesso, água e cal) e um piso que simulava um lago, para representar a entrada do deus no submundo.

“A descoberta do depósito permite-nos começar a conhecer como os antigos maias de Palenque reviveram constantemente a passagem mítica sobre o nascimento, morte e ressurreição da divindade do milho”, diz Cruz, em comunicado.

A cabeça – com comprimento e largura de 45 cm e 16 cm, respectivamente, e 22 cm de altura – tinha uma orientação leste-oeste, que simbolizaria o nascimento da planta de milho com os primeiros raios do sol.

Escondida por 1.300 anos, escultura do deus do milho é achada no MéxicoFormado por três paredes, e sob uma camada de terra solta, surgiu o nariz e a boca entreaberta da divindade – Foto: Proyecto Arqueológico Palenque/INAH

Os detalhes da obra também chamam atenção: segundo os pesquisadores, o queixo é pontudo, pronunciado e fendido; os lábios são finos e projetados para fora e mostram os dentes incisivos superiores. “As maçãs do rosto são finas e arredondadas; e os olhos, alongados e finos. Da testa larga, longa, achatada e retangular, nasce um nariz largo e pronunciado”, descrevem os pesquisadores.

O ritual

Outra observação importante são os fragmentos de um tripé sobre o qual a escultura foi colocada. De acordo com os pesquisadores, ela foi originalmente concebida como uma cabeça decepada.

O ambiente era usado em rituais. Foram encontrados resquícios de itens como vegetais, ossos de animais, conchas, fragmentos de ossos trabalhados e peças de cerâmica. “A colocação desses elementos foi constituída de forma concêntrica e não por camadas, cobrindo quase 75% da cavidade, que foi vedada com pedras soltas”, explica González Cruz. “Alguns ossos de animais foram cozidos, outros têm marcas de carne e de dentes, por isso foram usados ​​para consumo humano como parte do ritual”.

Escondida por 1.300 anos, escultura do deus do milho é achada no MéxicoA representação da divindade maia, com mais de 1.300 anos, foi encontrada durante trabalhos de conservação – Foto: Gibrán Huerta/INAH

Uma estrutura de calcário com uma pequena perfuração foi colocada sobre a oferenda. Por cima, havia um leito semicircular de cacos de cerâmica e pequenas pedras, sobre o qual foi colocada a cabeça da divindade.

Ao final, todo o espaço foi fechado com terra e três pequenas paredes, deixando a cabeça do jovem deus do milho dentro de uma espécie de caixa, onde permaneceu escondida por cerca de 1.300 anos. Encontrada num ambiente muito úmido, a peça agora encontra-se em processo de secagem para depois ser restaurada pelos especialistas do INAH.

Valedoitaúnas (Galileu)



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