Desfile é realizado em lixão de roupas no Chile que pode ser visto do espaço
23 de maio de 2024ONG levou modelos ao Deserto do Atacama, onde pilhas de peças descartadas formam mais de 60 mil toneladas
Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Estima-se que 39 mil toneladas de roupa sejam despejadas no deserto do Atacama, no Chile, pela indústria da moda todo ano, ilegalmente. Esse comportamento desenfreado chegou a um ponto em que, do espaço sideral, é possível ver a pilha de lixo têxtil acumulado. Como forma de conscientização, a ONG dedicada à reciclagem de têxteis Desierto Vestido realizou no local um desfile, no qual a passarela foi o próprio acúmulo de tecidos e produtos.
Área do deserto acumula mais de 60 mil toneladas de roupas – Foto: Antonio Cossio/picture alliance via Getty Images
O “desfile”
Chamada, em tom irônico, de Atacama Fashion Week, a ação apresentou peças com cores terrosas, para representar a poluição do solo; camadas de roupas desconstruídas, em alusão à estratificação da atmosfera; além de representações das geleiras em derretimento, incêndios florestais e a degradação da natureza, entre outras problemáticas.
“O verdadeiro custo de uma roupa vai muito além do preço. A maior parte das roupas descartadas no Deserto do Atacama é feita de poliéster, um tecido à base de plástico que leva até 200 anos para se decompor”, relatou a organização, no site dedicado à ação.
“Tons terrosos representam a poluição de nosso solo. Os nós nas pernas evocam raízes, enquanto os do topo simbolizam o sufocante impacto dos poluentes industriais”, explicou a ONG Desierto Vestido – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Look que representa o poder destrutivo do fogo – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Representação da lenta decomposição dos materiais descartados na natureza – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Peças simbolizando o plástico no oceano – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Derretimento das geleiras – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Representação da poluição causada pela indústria da moda – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
O vestido verde-musgo evoca os estágios finais de um curso de água secando – Foto: Maurício Nahas/Desierto Vestido/Divulgação
Lixão de roupas no deserto
Em 2023, a empresa de satélites SkyFi divulgou imagens e provou que o “lixão” de roupas pode ser visto para além da Terra, sendo comparável à extensão da cidade chilena ao lado. “O tamanho da pilha e a poluição que ela está causando ao meio ambiente já são visíveis do espaço, deixando claro que há uma necessidade de mudança na indústria da moda”, alertou a empresa.
Monte de roupas no Deserto do Atacama, capturado por satélite – Foto: SkyFi/Reprodução
A ONG Desierto Vestido luta contra o despejo ilegal de roupas no deserto chileno – Foto: Antonio Cossio/picture alliance via Getty Images
Uma aparente solução seria a queima das roupas acumuladas, ação também contestada pela ONG: “Quando essas vestimentas são incineradas no deserto, elas liberam fumaças tóxicas, causando danos ao solo, à camada de ozônio e à saúde da população local”, explicou, em comunicado.
(Fonte: Metrópoles)